quarta-feira, 21 de abril de 2010

O tempo...

Sinceramente quem poderia viver sem:

- Uma boa música;

-Sem chocolate para adoçar a vida;

-Sem dias iluminados;

-Sem um bom livro para ler e

principalmente sem os amigos, seja em uma tarde de sol ou em dias frios, onde uma lareira aqueça a conversa...

Quem não tem um segredo a revelar ou uma caixa cheia de bilhetinhos guardados a sete chaves?! Nada melhor que um bom amigo, para acompanhar o crescimento de uma história.

Quando somos crianças, nos apressam a ser jovens, quando somos jovens nos apressam a ser adultos e quando envelhecemos já não nos exigem mais nada, como se nada tivéssemos a dizer. Ledo engano...

Nada mais temível que a velhice. Nada mais lúcido que a vida após os cabelos grisalhos. Você já observou o olhar de quem está na terceira idade? Já olhou o coração do mesmo?

Com certeza a batida do seu coração é suave, os seus pensamentos são leves e coloridos como uma aquarela.

Vejo que as pessoas possuem dificuldades de se verem velhos. Não sei se é por medo ou por achar que não chegarão até lá. Se eu chegar e tiver acrescentado algo na vida dos meus netos, ficarei grata.

Acredito, que essa preocupação não seja só minha, afinal me pareço como a maioria, apesar de viver numa total singuralidade, porque somos singulares.

As pessoas insistem em nos padronizar, em nos envelopar, como se fossemos cartas passadas. A vida no passado é triste, principalmente quando a vemos como um peso.

Mas, nada melhor que um lindo passeio pelo presente, para nos trazer de volta um belo sorriso!

Você já esteve à espera de alguém? Já percebeu que enquanto espera esse tempo parece interminável. Assim, são os efeitos de uma terceira idade plena de sentido. Ela parece longa e interminável. A vida se torna agradável pelo simples fato de estarmos vivos. Tudo é intensamente vivido, porque na verdade sabemos que o amanhã é outro dia e que logo será passado. Portanto, não voltará. Esse é o mistério da terceira idade, é reconhecer que só o aqui e agora vale. A consciência que possuímos a noção de tempo nos leva a sermos mais realistas e menos cruéis com a problemática da vida que levamos.

A insustentável pobreza de sentimentos torna-se espessa e menos visível. O que temos passa a ser valorizado a cada segundo que respiramos. Não há mais tempo para a pobreza de espírito e de sentimentos.

Não sabemos se teremos outra oportunidade de dizer eu te amo, nem o quanto você é importante para mim, por isso nos sustentamos na verdade daquilo que é dito e emocionalmente falado.

Nada melhor que um dia de chuva pra revelarmos o que sentimos e o que devemos dizer. Nada melhor que um dia de sol, com cheiro de maçã verde pra revelarmos em belas fotos o que sentimos. Isso nos faz diferente no meio de tantos iguais.

Gostaria de ter outro meio de revelar o que sinto, mas as palavras são engolidas. Afinal, não acreditamos que o outro nada saiba a seu respeito, após cinqüenta anos bem vividos, como ignorá-los?

Os filhos crescem, junto crescem a sua solidão, que não é diferente das demais gerações nos dias atuais. Infelizmente essa enfermidade nos acompanha.

Mas, os dias passam e insistimos que nada temos a acrescentar. Será?

Vejamos uma solução. Não aquela que se dilui como se fosse uma fórmula. Mas a solução que amenize a dor do coração, a da saudade, a do imenso vazio de quando alguém que você ame partiu.

A solução das palavras. Acredito que escrevendo a dor seja amenizada. É assim que passo os meus dias, acreditando que a vida e o tempo serão amenizados através de palavras. Serão lidas, não sei. Mas acredito que faça diferença entre o dizer e o não dizer.

Os dias passam rápidos. E com eles novidades surgem há todas as horas. Ficamos com as palavras, construindo um mundo melhor. Talvez nelas consigamos ser autênticos e não tentemos disfarçar a dor.

A saudade de quem partiu é constante. Mas, mais constantes são as lembranças. Elas são incontestáveis. Nada as derrubam.

A lembrança do seu primeiro baile, primeiro vestido de noite, primeiro livro, primeira formatura, primeiro emprego, primeiro beijo. Já percebeu quanta responsabilidade de se ser o primeiro?

Isso nos remete as fases da vida, afinal elas são únicas. Ninguém fica velho duas vezes...

E por ser único, não se repete. Como tudo que teve a sua primeira vez.


Natalícia Alfradique



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