terça-feira, 3 de novembro de 2009

A queixa escolar



Hoje os protagonistas das queixas escolares são muitos. Os pais reclamam da escola, os filhos reclamam e os professores também reclamam. Mas, a maior queixa é: por que os jovens não prestam atenção nas aulas dadas no colégio? Por que o conhecimento não é fácil? Por que para ensinar requer que o aluno veja a escola como algo prazeroso? Essas e muitas outras perguntas estão sempre em pauta. Elas vão desde a presença da falta de valores até a falta de conhecimento.

Mas, o que ocorre realmente nesse universo de aprendizagem? Afinal, quais são os atos mais profícuos no ato de ensinar? O que garante o ensinamento e aprendizagem (conhecimento)?
Antigamente, se podia dizer que ter um diploma era garantia de sucesso. Era uma possibilidade real de se ter trabalho garantido. Hoje o diploma não garante mais nada.

Porém, com a evolução do discurso que deixou de lado esse pragmatismo, hoje vemos que o conhecimento é construído através de uma ética onde as diferenças são aceitas à medida que elas representam à singularidade. Os projetos pedagógicos vêm contribuir para que o educador não se sinta isolado na construção do saber. Assim, os alunos ditos especiais são aceitos na escola, mas ainda não estão incluídos devido à falta de “preparo” para compreender como esses alunos pensam e constroem o seu conhecimento. Quando as escolas os submetem a se comportarem como os demais, começa aí o primeiro equívoco dos muitos que virão.

Se a escola ainda não consegue responder as queixas dos alunos considerados “normais”, imagina lidar com esse complexo universo de crianças especiais.

Hoje se tenta responder os equívocos da escola tradicional e pagamos um preço muito alto ao admitirmos que pouco se aprendeu com eles, que aliás, só sabem decorar os conteúdos dados.

Verificamos que as escolas avançaram, pelo menos no discurso, mas ainda não conseguimos fazer com que os alunos compreendam a importância de ser criativo e empreendedor.

Talvez seja porque a escola ainda forneça aos alunos uma escola sem desafios, sem criticidade ou até mesmo reprodutora dos velhos conhecimentos. É por isso que os alunos vivem perguntando o porquê de aprender determinados assuntos, pois não vêem utilidade em sua prática, isto é, voltamos ao pragmatismo.

Percebo que a queixa escolar vai além dos muros da escola. Hoje só se pensa em saber algo para ser utilizado daqui a meia hora. O problema de aprendizagem é tão extenso como o fazer de dentro da escola. Passa por inúmeros repertórios, muitos ambientes, com dissonâncias de discursos até se tornar algo concebível e viável.

O que entendo é que o discurso ainda difere do espaço real escolar, do que se pode realmente realizar nesse espaço. A escola é um espaço de idéias, intenções subjetivas, que querendo ou não interferem no desejo de construção. Não se pode negar que o diálogo ainda permanece aberto para uma melhor compreensão dessas queixas. Não se pode apenas inferir e dar um testemunho. É necessário se realizar um discurso mais próximo do educando, refletindo o desejo de ressignificar as dissonâncias ou as queixas escolares. Não se constrói uma muralha sem tijolos. A educação vive se contradizendo. Vive começando sempre do zero. Talvez este seja um dos graves equívocos.

Está na hora da escola ser verdadeira. Parar de prometer o que não pode oferecer. Vivemos em uma sociedade competitiva, mas não somos a solução de todos os problemas. Se a escola conseguir superar as suas próprias contradições já será um grande êxito.

O que podemos garantir aos nossos alunos é que para ser uma pessoa de sucesso, sem dúvida nenhuma essa pessoa tem que se esforçar e muito para ter um bom desempenho. O ensino e a aprendizagem não possuem nenhum compromisso com o “brincar”, portanto o ensino não é um ato prazeroso como muitos nos fazem crer.

Temos que desmistificar que a vida fácil acontece de forma espontânea. Temos que mostrar aos nossos alunos que tudo na vida requer esforço e saber. Não existe facilidade para quem quer ser criativo e empreendedor. E esses são os valores que a escola deve construir.

Para se tornar um cidadão emancipado deve-se estar consciente de seu valor, e que a autoridade é conquistada com exemplos dos adultos. É chegada a hora de crescer. Não dá mais para sermos infantilizados. A maturidade do escolar vem com a mudança de atitude. E esta sempre está atrelada a um bom convívio social.

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